Vigésima Sexta Parte

Vigésima Sexta Parte

                       Vigésima Sexta Parte

                    Uma batalha do CAPETA!

Quando ambos os lados deram seu grito de guerra e avançaram enlouquecidos uns contra os outros, o sangue espirrou pra todos os lados. Cabeças rolavam e tripas se espalhavam pelo chão, em meio a gritos de dor e o som abafado de lâminas cortando carne humana. Braços ficavam para trás e pernas se separavam de corpos, olhos eram arrancados de suas órbitas, dentes eram quebrados, maxilares ficavam pendurados e o capeta realmente se mostrou presente - literalmente -, sentado numa elevação a contemplar de camarote toda a cômica tragédia humana que se desenrolava ali, diante de seus olhos negros como a noite. Uma carnificina para para seu bel-prazer e deleite. Mas súbita e inesperadamente, enquanto a batalha estava longe de seu auge mais glorioso, eis que o capeta, em sua forma carnal, e absorto em imprudente distração, ouviu uma voz de menino atrás de si. – Então, tchê? Estás aqui de comandante dos branquelos? O diabo se voltou, surpreso. Estava tão empolgado com a sanguinolência que até se esquecera de ficar invisível. Diante dele, um negrão que em nada tinha a ver com aquela voz de piá mijão. – O quê? – indagou surpreso e com desprezo. Era um baita preto, desses de dar medo. Pelo menos dois metros, vestindo uma camisa do UFC, e ostentando com a mão direita um taco de baseball, com o qual batia levemente na mão esquerda. Seu olhar penetrante, dava evidências claras de que aquele taco tinha um destino certo – Destino que o capeta até sentiu um arrepio só de pensar, antes de engolir em seco. – Estás com medo de entrar no combate, franguinha? Perguntou o grandão com aquela voz tão fina que o capeta se segurou para não se cagar todinho de tanto rir, pois veio-lhe à mente na hora, um certo ex-campeão BR de UFC, que estraçalhou os ossos da própria canela fina, ao dar um de seus fulminantes golpes num adversário yankee de responsa. – Que foi, guri? – tirou onda, se segurando para não cair na gaitada. – Parece que nunca viu o capeta? Que queres, a me encarar com esse olhar de gorila esfomeado? Não devias estar num centro de umbanda, agora, preparando alguma galinha preta pra uma macumba? Vai fazer um rap ou um pagode por aí, vai, ô, negrinho do pastoreio! Senão, diz logo o que quer e vai-te daqui, senão eu vou perder toda a carnificina! O rapaz riu, cheio de más intenções, a analisar o racista. – Perguntei se estás com medo de entrar na luta, feioso? – Que nada, negão, – respondeu o capeta, segurando a risada que estava quase se libertando numa gargalhada diabólica –, só estou a me aquecer antes de cair na gandaia e quebrar muito pescoço de macaco! – Negão é tua vó, seu nazista de merda! O golpe do “negão” foi tão forte e avassalador que nem mesmo o capeta conseguiu se esquivar. A cabeça do decaído se desprendeu do corpo e voou em direção ao campo de batalha, onde foi pisoteado e lançado para todos os lados, como uma bola de futebol. Lá pràs tantas, no calor da luta, um neonazista se viu em desvantagem diante de um grandão e saíu num pinote, mas o afro-descendente tateou o chão em busca de algo para lançar na cabeça do covarde. Não encontrou nada, exceto a cabeça do capeta a olhá-lo com os olhos esbugalhados. – Vai tu mesmo, cabeça horrorosa! E o fortão agarrou o cabeção no chão e fez mira no fujão, que corria igual uma gazela em direção à elevação para se salvar. O lançamento visava a crânio do covarde. E enquanto se aproximava do desertor, a cabeça se negou a se espatifar novamente, tamanha a força com que o gigante a lançou. – Eu vou é cascar fora desse inferno, agora! E assim que estava a poucos centímetros de acertar o fujão bem na nuca, a cabeça viva do capeta gritou num eco: – FUI-ME! Explodiu, se dissipando no ar. Com a explosão, o fujão praticamente virou um amontoado de carne moída, para delírio do negrão que fizera o lançamento certeiro. – Eita, tchê! – exclamou ele – E não é que eu lancei foi uma granada em forma de cabeça? E bem no alvo! Tem maluco trazendo até bomba pro combate!