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Vigésima Primeira Parte

Vigésima Primeira Parte

                      Vigésima Primeira Parte

           O Primeiro Grande Massacre de Policiais

Dezenas de viaturas e um número exorbitante de policiais chegou ao local. A tropa de choque avançou à frente, marchando e batendo em seus escudos, como sobreaviso de que o coro ia comer. Na retaguarda, um exército de policiais avançava aguardando o momento do confronto. Mas o povo não arredava pé, decido e obstinado pelo confronto. Pelas redes sociais, toda sorte de pessoas de todas as classes sociais se organizavam para se unir ao movimento. As torcidas organizadas se uniram e foram às ruas promovendo um quebra-quebra generalizado. Dezenas de ônibus chegavam lotadaços de vândalos sedentos de sangue. Cacetetes, rojões, bombas de São João, galões de gasolina aos montes, tacos de sinuca, tacos de baseball, espingardas de chumbinho, pedras às toneladas, facas, facões, cabos de aço, soco inglês, espada ninja, revólver, garrucha, armas de brinquedo (valem pelo terror psicológico!), etc. Era estonteante, uma infinidade de "instrumentos" para incrementar a revolta popular, pois aquele parecia um momento propício para a anarquia geral. No ínterim, bandos de traficantes e toda sorte de bandidos bem armados imiscuíam-se no meio do povo, se aproveitando da situação para alimentar a discórdia. Era um momento perfeito para toda sorte de oportunistas e cafajestes. Logo a polícia se viu cercada por todos os lados. Não parecia haver saída. Tiros para intimidar não estavam fazendo o efeito desejado, nem tiros de balas de borracha, nem mesmo tiros letais. Gás lacrimogêneo não assustava e nem dispersava o avanço das turbas ensandecidas. Garrafas com pavios acesos cruzavam os céus e explodiam em cima das viaturas que logo estavam em chamas. A tropa de choque de repente se viu desorientada e perdida diante de uma maré humana endemoninhada, desprovida de qualquer noção de perigo. O pau comeu, e embora de início a polícia levasse ligeira vantagem, logo retrocedeu, claramente sucumbindo. Foi um massacre sem precedentes, um choque inesperado que desmoralizou o orgulho da polícia e derrubou por terra toda sua moral. Os que tombavam sem vida estavam livres da humilhação e da dor, mas os que ainda estrebuchavam eram logo executados. E para os que por alguma razão ainda insistiam em pedir misericórdia, as pedradas, chutes e facãozadas logo mostravam os caminhos do céu – ou do inferno. Da sede do governo paulista, o Governador deu ordens para que o comandante da Polícia Militar evitasse excessos (ou ao menos amenizasse os excessos), enquanto de sua janela, o atônito Governador contemplava milhares de protestantes que se aglomeravam na frente do Palácio dos Bandeirantes. E aos milhares de manifestantes, juntavam-se cada vez mais gente, de diversos movimentos. E a imprensa estava em peso em todos os lugares. Nunca se vira tantos repórteres, fotógrafos, camêras, celulares e helicópteros de televisão. O que fazer? Muitas placas com diferentes reivindicações mostravam que o povo revoltado estava confuso e dividido, sem um objetivo comum. Muitos exigiam o “fim do descaso”, “O FIM DA VIOLÊNCIA DA POLÍCIA MILITAR”, a “EXTINÇÃO DA POLÍCIA MILITAR!”, a “renúncia do Governador”, “moradias para os semteto”, “o fim das cracolândias”, etc. Tinha até um cartaz solitário que pedia a “liberação da maconha” e um que pedia a “expulsão de todos os nordestinos” de São Paulo. Outro pedia urgentemente a volta do regime militar. Ainda não havia ordem e nem consenso, pois a revolta acontecera de modo tão inesperado e sem preparação, que não se sabia o por que de tudo aquilo. Mas no momento que alguns desordeiros mais exaltados começaram a lançar coqueteis molotov contra o Palácio dos Bandeirantes, aí a desordem teve início, já que a multidão só precisava do pontapé inicial para começar a bagunça. Não teve barreira policial que segurasse o avanço rumo ao interior do palácio. Imediatamente o Governador foi retirado às pressas para um local seguro, enquanto seu centro de comando era invadido pela população. Era tanta gente se apinhando dentro do palácio que mais parecia um formigueiro humano. Mal se conseguia respirar. Do lado de fora era uma algazarra geral, com gente até onde a vista podia alcançar. Milhares de homens e mulheres a gritar como uma só voz, enquanto uma chuva de papéis era lançada a partir das janelas do Palácio do Governo. Tudo estava sendo destruído sem a menor noção de consequências. O povo unido é uma força poderosa. Mas sem liderança e organização, até mesmo um exército forte torna-se como ovelhas desgarradas e à mercê de lobos. É necessário um pastor para guiá-las e protegê-las. Enquanto isso na Zona Leste, cerca de cem homens da Polícia Militar viam o caos se aproximar de ambos os lados. Era um dilema para o comandante. Ou ele liberava o uso letal de suas armas ou seus homens virariam picadinhos. Ele então pensou, pensou e pensou, e depois repensou tudo que havia pensado. A razão acabou por falar mais alto. Ele mandou que o governador fosse pentear macacos e liberou aos seus homens o uso letal de suas armas a fim de proteger suas vidas e manter a ordem. Nada deu maior prazer aos policiais apavorados, que no momento seguinte mandaram bala na direção dos revoltosos. Várias dezenas de pessoas pegas de surpresa caíram com os rostos por terra. Aquilo só deixou o povo ainda mais enlouquecido. E os gritos só aumentavam a adrenalina geral. – Assassinos! Assassinos! Assassinos! E quanto mais gritavam, mais se aproximavam da polícia, que revidava com uma chuva de tiros sem medir consequências. Era gente caindo pra todo lado. Mas o cerco foi fatal, afinal os números estavam a favor do povo. A calamidade era inevitável: os policiais, espremidos por todos os lados, não tiveram a menor chance. Era paulada pra todo lado, tudo sendo assistido ao vivo e em cores graças às imagens em alta definição transmitidas pelos inúmeros helicópteros de emissoras de televisão. O mundo parou para assistir o caos no Brasil, onde a revolta se espalhou como uma doença contagiosa. De um momento para outro, todos os os estados da federação estavam em polvorosa. O povo correu pràs ruas a fim de dar ao sistema, de uma vez por todas, a "ordem e progresso" que ele tanto merecia. Foi assim que a desordem e o retrocesso deram início ao que viria a ser de fato a ordem e o progresso, criados a partir do caos absoluto. Com o decorrer dos dias e das semanas, toda aquela bagunça generalizada e confusa foi ganhando um aspecto organizado de movimento revolucionário de caráter separatista. Nas redes sociais se propagavam ideias irracionais em meio a ideais confusos, muitos dos quais baseados nos conceitos hitleristas de superioridade racial, em sua maior parte organizados e difundidos a partir da região sul.