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Décima Oitava Parte

Décima Oitava Parte

                       Décima Oitava Parte

                    “Quem com ferro fere...”

Quanto aos policiais encurralados, adentraram a viatura e tentaram cascar fora do cerco humano, mas a multidão, como um só homem, capotou a viatura como se ela fosse feita de papelão. Todas as armas dos miseráveis foram tomadas à força, embora nem fosse preciso usar de força, tamanho o terror estampado em seus olhos arregalados diante da multidão ensandecida. Mas o que eles não esperavam é que os populares fossem atear fogo na viatura. E com eles dentro, berrando por piedade. Mas não teve jeito, porque o capeta realmente estava solto. Foi uma correria e uma gritaria só, antes que a viatura explodisse em mil pedaços, transformando os homens da lei em galetos fritos – ou picadinhos assados. Não que existam justificativas plausíveis para violência de qualquer tipo ou natureza, mas era de conhecimento geral que as polícias militar e civil, como um todo precisavam ser renovadas, reeducadas, reestruturadas etc., senão erradicadas. Porque a corporação, como um todo, era qual uma macieira que produz frutos ruins. Precisava ser cortada pela raiz e jogada na fogueira. Não havia outro jeito. A polícia há muito cheirava mal aos olhos da população traumatizada com tanta violência e mortes causadas por policiais no exercício de sua função. Não havia mais confiança, porém sobrava medo. E onde há medo, não pode haver convivência saudável. Porque medo gera insegurança, e insegurança gera mais insegurança. E se há insegurança, não há confiança. Era fato, a polícia estava cheia de culpa de sangue inocente. E a população estava cheia da polícia. Afinal, segundo a terceira lei de Newton, “toda ação provoca uma reação de igual ou maior intensidade, mesma direção e em sentido contrário”. Essa lei da física é indiscutível no cotidiano da vida humana e seus paradoxos existenciais. Naquele momento, aquela era uma reação mais que esperada da população há muito cansada de ser humilhada e massacrada às mãos daqueles que deviam protegêla e dar segurança, ao invés de implantar o terror e gerar medo.