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Sétima Parte

Sétima Parte

                               Sétima Parte

                       Terror no País de Deus

Se Deus é brasileiro, certamente ali ele não estava. E pelo jeito não queria nem saber, e muito menos tomar partido. Por dezesseis semanas consecutivas seguiram-se as barbaridades de um conflito sangrento de dimensões apocalípticas, no qual inicialmente os alvos eram basicamente as instituições públicas. Muitos presídios – verdadeiras faculdades do crime –, foram escancarados e invadidos. Legiões de condenados libertados com a condição de unirem-se aos revolucionários chegavam às ruas ansiosos de liberar toda revolta e ódio adquiridos enquanto sob custódia do estado. Seres que outrora – antes de ser condenados e trancafiados em presídios superlotados – ainda eram homens, agora agiam como verdadeiras bestas humanas. Em cada região, em cada unidade federativa, a anarquia era a palavra de ordem. Delegacias eram incendiadas ou lançadas pelos ares. Autoridades locais, no melhor dos casos, eram trancafiadas; na pior da hipóteses eram aniquiladas pelas turbas enfurecidas e de saco cheio. Forças policiais inteiras sucumbiam diante do avanço feroz das populações ensandecidas e cegas de revolta. E o que era pior: armadas até os dentes. Os mortos da revolução eram tantos que tornava-se quase impossível enterrálos decentemente. Assim, não restava outra opção senão a criação de gigantescas valas para os sepultamentos coletivos. Tratores enormes enchiam caçambas e caminhões de todos os tamanhos, que conduziam os cadáveres rumo ao seu destino final. Porém era muito comum a incineração, visto que isso contribuía para evitar o alastramento de doenças. Grandes montanhas de corpos incendiados à base de gasolina ou querosene, enegreciam os céus com a fumaça incessante de fogueiras que propagavam o cheiro de carne assada por todos os cantos do país.