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Quarta Parte

Quarta Parte

                            Quarta Parte

                      Na onda da maconha

A letra de uma música de 2004, cujo título é bastante polêmico, combinava perfeitamente com a situação vigente naqueles tempos críticos que precediam a calamidade nacional. A música chama-se “na onda da maconha”, e em determinado trecho, diz: “Cambaleando na estrada do futuro, Fumaça no ar (nuvens de um verão impuro) Faz frio pra cacete aqui na solitária, Sob a força do porrete A penitenciária é o local de descanso Da moçada varonil Educada pra fazer o futuro do Brasil O país campeão de tudo que dá nojo (Ah!, a miséria do povo!) Prometam de novo, eleitos do povo Juro que nunca mais acreditarei em vocês (Eu não sou burguês, deixei de ser freguês) Lhes dei minha confiança Pois vi a esperança no olhar de vocês (Quem confia sem desconfiar, dança) Não sou mais criança (preciso crescer de vez) Agora me desculpem (A safadeza é medonha) Melhor eu ir fumar um cigarro de maconha”* O descaso das autoridades, a corrupção vergonhosa em desfavor da população sofrida, o desrespeito para com os idosos, os hospitais lotados e o péssimo atendimento, o alto índice de desemprego, a horrível qualidade da merenda oferecida nas escolas (ou mesmo a falta dela, quando não da própria escola); a opressão das polícias marrentas, autoritárias, despreparadas e cheias de culpa de sangue inocente; políticos corruptos e investigados, mas que continuavam descaradamente a exercer suas funções... Enfim, tudo constituía uma vergonha escandalosa que só deixava mais e mais claro o lamaçal do sistema falido, no qual a máquina do governo só parecia ter um objetivo: oprimir e esmagar o povo já sobrecarregado e no limite de sua razão. Uau! Os padecimentos do povo eram tão absurdos que chegava a ser absurdo considerá-los simplesmente como absurdos. Os motivos eram tantos que tornava difícil enumerá-los. Tudo era um convite para a explosão de uma guerra civil. E ela chegou, enfim, para pôr fim à desordem e ao caos, por intermédio do próprio caos e da desordem. Na verdade aquela guerra civil foi a síntese de todo um conjunto de complementos favoráveis que já se manifestavam há várias gerações. Foi uma catástrofe previamente anunciada que, ironicamente, não deixou também de ser uma dádiva para uma nação sofrida.