Vigésima Oitava Parte - FINAL - A MENTIRA

Vigésima Oitava Parte - FINAL - A MENTIRA

                      Vigésima Oitava Parte

                                CONUBRA

Com exceção da União dos Estados Confederados do Nordeste, que adotou o sistema Parlamentarista, todos os demais permaneceram fieis ao sistema presidencialista. Entretanto, a questão mais importante da aliança entre as seis partes foi a criação do Bloco denominado Comunidade das Nações Unidas do Brasil (CONUBRA), com sede em Brasília. Por este acordo de ajuda mútua, a divisão do território não afetaria os interesses comuns, no que dizia respeito aos assuntos econômicos, e principalmente no que se referia à segurança nacional. Foi firmada também uma importante aliança militar com a criação do Conselho de Segurança Mútua (CSM), cuja sede ficaria localizada também na cidade de Brasília e contaria com um efetivo permanente de trezentos mil homens, cinquenta mil homens de cada país recém-nascido. Acima, mapa do Brasil ainda unificado, antes da Revolução que originou a Guerra Civil Mapa da divisão proposta pelos aliados, que deu orgiem à Comunidade das Nações Unidas do Brasil – CONUBRA Dezenas de arquitetos de todas as idades e de todos os Estados membros foram convidados a elaborar o projeto do que viria a ser o edifício sede da CSM. Centenas de plantas concorreram, mas o projeto escolhido pela população pertencia a um jovem arquiteto cearense, e consistia num edifício grandioso em formato hexagonal, representando as seis partes resultantes da separação do Brasil. Na grande sala de reuniões, em formato hexagonal, a própria mesa de reuniões não poderia deixar de ter o mesmo formato. Do alto suspendia um magnífico lustre, presente do Imperador do Japão. No alto do edifício, uma cúpula colossal subia cinquenta metros rumo ao céu, e no topo da cúpula, imponente, a bandeira gigante da CONUBRA, escolhida por votação popular via internet, dentre milhares de projetos e ideias enviados pela própria população. A bandeira da CONUBRA, para surpresa geral, fora desenhada por um garoto de apenas dezesseis anos de idade. Era apenas um desenho singelo criado com um programa simples de computador, mas que chamou a atenção pelo seu significado forte e profundo. O desenho foi aprovado, e após alterações, teve sua aceitação confirmada de maneira unânime pelo Conselho da Conubra. De um momento para outro, o garoto virou personalidade mundial, como criador da bandeira oficial da CONUBRA, conhecida no exteriror pelo nome de Novo Brasil. O garoto receberia inúmeros prêmios e condecorações, pois seu projeto foi considerado uma verdadeira obra de arte, ideal para os novos tempos que viriam, nos quais a CONUBRA se tornaria uma superpotência de influência global. O complexo da CSM era de uma grandiosidade invejável e deixava no ar um recado claro: a divisão não afetaria vários objetivos comuns, entre os quais a defesa mútua. Na verdade tudo indicava que a separação política só tornaria o bloco mais poderoso que nunca. Muitos cientistas políticos estavam convictos de que a CONUBRA se tornaria uma grande potência econômica e militar em questão de poucos anos. Havia uma consciência de união no ar, e estranhamente todos estavam mais achegados após a separação política do que antes da separação. As fronteiras eram livres, e não existia mais o senso de obrigação no ar, mas um espírito de nostalgia e carinho mútuos que só unia o bloco mais e mais. E pra completar, a guerra deixara um sentimento de respeito e solidariedade que se estendia de norte a sul, oeste a leste.

Na guerra, mesmo a vitória não deixa de ser uma derrota. Não obstante, muitas nações se fortaleceram exatamente após a guerra e os sofrimentos impostos pelas perdas que a guerra causa. Este foi exatamente o caso do Brasil. Foi preciso que houvesse um banho de sangue para que emergisse uma consciência nacional de que não éramos meros figurantes num mundo globalizado, mas um gigante adormecido que só precisava ser despertado de seu sono profundo. A guerra fez esse papel. Infelizmente o gigante só despertou após um dos maiores derramamentos de sangue de toda a história do continente americano. E embora dividido, o gigante despertou mais unido e poderoso que nunca.

Os povos das diversas regiões haviam se tornado muito mais conscientes e até sensíveis. Isso era facilmente explicável e compreensível, haja vista a tragédia comum na qual todos haviam perdido. Para que o sacrifício colossal tivesse valido a pena, era preciso ser consciente e por um tempo ainda, menos flexível. Sim, menos flexível, pois a cultura da corrupção ora desarraigada ainda era sentida no ar. Seria preciso um tempo ainda para que a máquina começasse a funcionar como o programado. A parte positiva de tudo isso era que havia uma nova geração com novas ideias e novos ideais. Uma nova geração ansiosa e se preparando para acordar de fato o velho gigante adormecido. Para um recomeço no alvorecer de uma nova era.

 

                                A Mentira

Tem gente que defende a mentira com a ousadia de quem é dono da verdade. Eu prefiro ser daqueles que ousam sustentar a verdade com a coragem dos que não tem parceria com a mentira e são inimigos da hipocrisia e da falsidade.