CAPÍTULO II

CAPÍTULO II

CAPÍTULO II    

O TOURO NEGRO

 

 

Um dia, como que por encanto,

Apareceu lá na fazenda,

Um touro negro como a escuridão,

Grande e valente como o cão.

Parecia até que fosse o barbatão da lenda

Muito famosa em toda aquela região.

 

                  

Assim que viu o jovem José Xavier,      

O touro mugiu enfezado e furioso.

Depois, balançando a cabeça,

Começou a escavar o chão,

Como que possuído pelo tinhoso,

O demérito pai de toda maldição.

 

 

José, se sentindo desafiado,

Resolveu montar o negro touro

Pra mostrar seu brio e valor

– Já que ninguém queria montá-lo,

Pois o bicho parecia uma praga

Com ares de encrenqueiro e matador.

 

 

Durante um longo tempo não contado,

José dominou o touro implicante.

O monstro saltava qual um amaldiçoado

Numa macabra convulsão dançante.

Mas o vaqueiro – provocante vencedor –

Saiu ileso, gabando-se e arfante .

 

 

Saltando ao chão como um felino,

José sorria igual um menino,

Enquanto os gêmeos jubilavam

E Maria aplaudia o seu amor.

O cachorro latia cheio de mimo

E os vaqueiros honravam o seu senhor.

 

                                                                              

 Mas o touro, furioso, encarou o moço

Como um macho acuado

Que se sente humilhado.

Era o próprio olhar da morte,

Prenúncio de que o troco

Em breve seria dado.

 

 

Coincidentemente ou não,

Corria o mês de agosto,

Conhecido como “mês do desgosto”,

Quinta-feira, dia 08 de 1906.                   

No sábado dia 10, o animal fugiu,

Mas a tragédia viria ainda naquele mês.

 

                                                                                         

É que José ficou por demais magoado

Com o bicho marrento e enfezado

E a maldade que ele lhe fez,

Pois ficara inquieto a tarde inteira,

Então quando o céu já estava enluarado,

Resolveu rebelar-se de uma vez.

 

 

O fato é que antes de fugir,

O “cão” fez um estrago danado

Que danificou quase todo o curral.

Estripou bezerros e feriu vacas.

Parecia um demônio descontrolado

(O bicho era mesmo filho do mal).

 

 

José, indignado e muito contrariado,

Jurou que dominaria o malogrado.

Numa atitude teimosa de obstinado,

Partiu sozinho na captura do maldito animal,

Só que ele nem de longe desconfiava

Que estava prestes a cair numa armadilha fatal.