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Capítulo 3

Capítulo 3

                      Capítulo 3                                        

                         O veio

 

    Naquela noite o insensato teve um sonho. Um homem completamente sujo de barro a cavar um profundo buraco próximo à árvore grande que ficava próxima do ribeiro. Em certo momento o homem parou de cavar e olhou em sua direção, causando-lhe um arrepio na espinha. O homem então lhe virou as costas e continuou a cavar. O jovem aventureiro se acordou num sobressalto, arfante e morrendo de sede, o coração acelerado.

    Mal o sol despontou sobre as árvores, lá se foi ele ao trabalho. Mas desta vez ele se concentrou no local próximo da velha árvore do sonho. Exatamente o mesmo local de seu sonho.  Enquanto isso, o insensato prosseguiu sem dar nenhum crédito às evidências que denunciavam a inexistência do tão sonhado veio de ouro. E começou a cavar como um louco. Enxada e pá, com um cavando e com o outro retirando terra. E foi cavando, cavando, cavando e cavando mais e mais fundo. Não tinha dúvidas de que no fundo daquele buraco algo o esperava. Parou por um instante, secou o suor abundante a lhe banhar o rosto. Depois esfregou carinhosamente o rosário pendurado no pescoço. Sentiu o material na mão e fez carinho na cruz de madeira. Lembrou-se do dia em que ganhara aquele rosário de sua querida esposa. Em seguida, energizado pela lembrança da amada, beijou a cruz e voltou a trabalhar, ciente de que estava no rumo certo.

 

    Lá pras tantas, de repente, sua enxada atingiu algo sólido demais. O impacto chegou a tilintar. Uma mera pedra, talvez. Mesmo assim causou grande excitação no jovem. Eufórico, ele se curvou para retirar com as próprias mãos a areia úmida que ainda encobria a tal pedra. Quando finalmente conseguiu vê-la, não conseguiu evitar um grito – misto de espanto, incredulidade e alegria que ecoou pela mata.

 

 

 

 

 

    Estava estupefato, diante de uma pedra enorme, semelhante a um diamante, o qual de tão grande, chegava a ser inacreditável. Por um longo momento, ele permaneceu estático, só a contemplar aquele colosso. Faltava-lhe oxigênio para respirar, o coração quase a sair pela boca escancarada de admiração e surpresa.

 

    Para acreditar que não estava sonhando, beliscou o braço, mas com tanta força que o coitado chegou a sangrar. Não, não, aquilo não era um sonho! Sim, sim, aquilo era real!

 

    Mas a danada da pedra era tão grande que ele chegou a duvidar que alguém já houvesse encontrado outra igual. Aquela seria a notícia do momento durante muito tempo, certamente.

 

 

    Aos prantos, curvou-se diante da belezura. E então afagou a pedra ao rosto, emocionado. Naquele momento não teve como não lamentar a ausência do amigo, que partira há dois dias. Se o desistente não houvesse partido desiludido, agora a emoção pela descoberta seria compartilhada por ambos.

 

    Mas tudo bem, pensou o jovem. A sociedade dos dois continuava, afinal a amizade que os unia desde pequenos era indissolúvel, muito mais forte que qualquer riqueza ou antagonismo que existisse entre os dois. Os lucros seriam divididos meio a meio do mesmo jeito.

 

    Permaneceu ali por um bom tempo, ainda encantado e extasiado com aquela maravilha. Sentia um deslumbre inexplicável, enquanto acarinhava o diamante gigante.